29 julho 2005

MINIMAX

Eu que sou de jogar - mais do que perder ou ganhar - provo-o ao deixar algum combatente adentrar meu ringue e disferir o golpe. Aceito-o como a parteira o filho que nem seu é. Concedo-lhe força, moral, dou-lhe, necessitando, uns tapinhas no bumbum, faço com que sinta o controle da situação, chore mas não berre, comprimo-o junto a meu peito e lhe sirvo de ser materno, que apanha toda peleja sem se opor ou exigir reclamo. Aí então, planejo, só na traquinagem, estratégico, gozador, deliciando cada lance, cada tacada, cada movimento do jogo - e não mais deste do que o próprio oponente. Inculco que vou mas fico, sumo e 'explodo' a gramática, tergiverso. Se fujo é para que algum outro me desafie, porque aquele perdeu-me, perdeu-se e, contudo, também o jogo. A mim a vitória não interessa, repito o que disse uma vez:
Não sabe que venceu, pensa nas regras, regra-se solto, livre delibera, joga, mas joga o gozo, merece sempre o céu e no inferno avantaja-se quando arde de rir.

A mim a vitória não interessa; senão olhar os olhos de quem se opõe, já caído, implorando clemência ou o golpe derradeiro.

Nenhum comentário: