Há metafísica o bastante entre um café e um pão de queijo?
Observação Importante: As pessoas não me notam, topeiras. Não fosse a natureza e a lei de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, transpor-me-iam através e obliquamente, despensados mas compassos. Incertos, metapetensicôncios, por meu dentro, totais. Por outro lado, eu só as reconheço em conjunto, univocamente, como se fossem um outro apenas, um bloco a ser demolido. Vamos e vimos. Venhamos, vinhos. Mimos, tauros.
Conjecturas à parte, ela pisara em meu pé, virara, desculpara-se, e eu nada, e eu nem senti. Pensava nas academias de Sião e na borboleta do sábio chinês. Ela continuou blablando e apontou-me a fila real. Descompassei-me: “O mundo invertera-se”, concluí.
Não, não... parece que a beleza desaparece da cantina às dezoito e vinte. Atrasara-me alguns minutos e tive de adiar por mais essa semana a quarta parte das minhas ‘Reflexões sobre o feminino’. Há apenas um casal. Patético, tacanos, inhenhos, defronte ao acanhamento... Patético.
- “O quê?”
- “ehh, hrriummmm, um pão de queijo e café... nn...mmm... Não! Me dá unspagueti.
Minha fala quase não mais. Meu texto está uma merda. Passei a tarde enfurnado na biblioteca corrigindo-o. Riscava com o desejo oculto de embrulhá-lo feito pastiche e metê-lo goela abaixo. Ultimamente tenho dessas. Qualquer frase é demais.
Sobre o conto. Pensei em tirar a primeira parte do conto do Stener. Minha falta de jeito impediu-me. Cortara, já, na última revisão, um terço do texto (líquido). Se o fizesse, das oito páginas iniciais restariam apenas duas. Ele achando pouco. “Porra, Stener, tem de cortar...” eu dizia.
- CINCOENTA E NOOve!!! – Berrou a atendente a minha frente. Pipiriquei embasbacado. Ecuou. Enruguei o rosto e entreteci meu pescoço. Nada mais ouvia. Ganhara. Gggg. Gaguei. Não sei se emudeci. O certo é que ela não ouviu-me ou fingiu surdez.
Que haja, até concedo. Mas não o bastante para em nada se pensar.
Um comentário:
ninguém com os pés na água.
Postar um comentário