28 agosto 2006

Censurado

Vejo-me uma vez mais obrigado a censurar um post. Não que eu desacredite na liberdade com que as pessoas devem se expressar, não que eu seja um déspota total, mas em parte, e apenas em parte devo reconhecer o direito alheio em esconder-se, embora, ao que me consta, eu goze de plenos direitos em mostrá-lo. De fato, já subi a montanha algumas vezes, e sempre retorno com conclusões seguras sobre como devo agir, qual a melhor ação - sobre as relações sociais e o modo como me inserir nelas. Ora, assumo minha irresponsabilidade, meu humor negro, negro e solitário, porque duvido quem o ache mais engraçado do que eu mesmo. Reconheço também uma falta maior. Se o que o sr. jv. Stener disse for apenas uma zombaria, se ele apenas trocou comigo algumas farpas bem-humoradas, então eu assumo minha derrota.
Para justificar minha censura, lembro aqui o conceito freudiano de
Witz, derivado de Wissen, que corresponde ao ato humorístico do homem de espírito, e não a uma pilhéria qualquer – desde que se conceda ao espirituoso a capacidade de bem formar, de prolongar o sentido de uma frase, de retumbá-la por aspectos os mais variados até regressar de onde partiu, o próprio objeto de humor. Representa o bom-humor em seu sentido menos figurado, mais valorativo e moral; não se trata da qualidade ou aspecto de quem está bem-humorado, mas o modo mesmo de exprimir-se, sua intenção ‘quase’ totalmente consciente, sua artimanha, sua maneira astuciosa e engraçada – para quem percebe – de apreender ou gesticular-se no mundo. Portanto, e não estou tergiversando, e caso ele não me dê mais essa liberdade, digo apenas que eu não preciso de esmolas, pode ir, subir sua montanhinha de merda. E sinceramente, sinceramente, - digo sinceramente repetidas vezes para que esqueçam o quanto eu não sou sincero e acreditem que desta vez é diferente - sinceramente gostaria que o sr. jv. Stener retornasse não apenas com conclusões a respeito das questões que lhe interessa pensar, mas que ele as colocasse em prática, que quando ele falasse de pós-modernidade com tanto entusiasmo, isso não fosse apenas da boca pra fora, que quando ele se dissesse um precaucionista, cresse realmente em algo ou descresse radicalmente, que ao menos entendesse que uma postura irresponsável, inconsistente e radicalmente incoerente, incoerência esta presente em suas melhores frases e atitudes, que sobretudo ele pense nas consequências dessas conclusões.
Talvez os meus amigos entendidos, os que discutem se o que eu faço é meramente um nonsense ou se tem algo freudianamente não resolvido, como um amor não consumado, uma recusa na infancia, etc. Deixo para os estudiosos discutirem isso numa mesa de bar, sem a minha presença é óbvio, pois sabem que eu vou às gargalhadas quando presencio tais acontecimentos.
Vou até o fim, e agora que estou quase lá, agora que estava preparado para o triunfo final, embainho a espada novamente e me recuso a desferir o golpe de misericórdia. Falo sério. Seríssimo. E adeus.

2 comentários:

M. disse...

que outra?
explicite melhor sua pergunta, piranha.

M. disse...

acho desnecessário [no sentido de descartável] pra chegar onde se quer, quando se quer. imaginar uma meia velha no canto do quarto, um cronópio voador, um novelo de lã vermelha se transformando em cachecol, produz muito bem o mesmo efeito de quando esse espírito inventivo pensa numa outra [pessoa]. portanto ela é descartável [no sentido de substituível].

obs.: tudo isso no contexto específico do homem que punhetava.
[não quero mais falar disso. eu tenho pudores! rs.]