04 agosto 2006

Lista, porque as listas são inúteis assim como as cartas de amor são ridículas

Tocar cuíca numa roda de samba. Matar uma pessoa ao menos. Transar com minha psicanalista durante os quarenta e cinco minutos da consulta. Gozar fora, aos 46. Ter sido escolhido o novo Papa. Quando criança eu queria ser a Xuxa. Hoje não me interessa ser a Xuxa porque, como a Brigitte Bardot, ela envelheceu antes do meu tempo. Queria voltar no tempo e garantir a mim mesmo que me manteria vivo pelo menos até os 22. Queria ser uma bomba, não uma metamorfose ambulante. Um personagem de Kafka. Invisível ou que ao menos me enxergassem por dentro (as víceras, o que se forma no intestino grosso, o rosa do coração, etc.). Vegetariano. Certa vez quis ser o rei daquele planeta de uma pessoa só. Seria a letra C contra a minha vontade, porque prefiro a G. O peso ou as duas medidas, o amarelo. O pescoço, a corda, o ócio, a insônia. Queria ser o dia para dormir a noite. Fumar. Ser um desses românticos. Queria ser russo - que fosse então uma parábola de Kandinsky. Queria ter bigode. Mijar sentada. Queria porque queria. Queria um milhão de coisas mas os quereres são infinitos até para alguém como eu, que deseja um milhão de coisas. Queria ser eu mesmo, como último desejo. Até que. Voilà. E ficaria a querer.

3 comentários:

Ana Luisa Lima disse...

Tô chegando pro churrasco.

Alex Lara disse...

a sim. não esquece de trazer o cd do volver.
Esqueci de dizer algo: o que eu queria ser é a Cássia Éller, viva.

Ana Luisa Lima disse...

Tua ironia é muito fina. Zombas de mim; e eu sem saber acho graça...