Chama-se autômato o comportamento do motorista que dirige por dirigir, e repetidas vezes remonta os caminhos de ida e volta tão naturalmente que ele mesmo duvidaria ter sido ele quem o carrega de cá acolá se não tivesse certeza absoluta de que ele mesmo era seu motorista. Isso porque a certeza é diferente da crença que é diferente da fé que é diferente do conhecimento de si. E nem se lembraria o percurso se este não fosse o mesmo que anos a fio ele percorre. Isso porque utiliza uma memória básica, de curto prazo, cujos dados não costumam imprimir-se na mente. Por outro lado, a mente estaria livre para pensamentos profundos como “a morte da bezerra” ou “o relacionamento hesitante e obtuso entre Dona Florinda e Seu Madruga” – mas não. O tédio, esse sentimento que é o não ter nada na cabeça além do que se nos impõe o corpo, o tédio consome e nos imuniza de qualquer pensamento profundo. O máximo que conseguimos é chegar em casa sãos e salvos sem a ajuda de algum Super-Homem.
22 janeiro 2007
Evolução das Coisas V
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2 comentários:
Lindo.
Já pensou em fazer um livro com esses textos?
Eu o compraria e recomendaria com um sorriso de extrema felicidade no rosto!
\o/
Beijos,
rs. pode ser. mas acho q só teria uma leitora. Alem do mais, essa coisa de literatura é mais um passatempo... Não teria animo de me profissionalizar.
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