24 janeiro 2007

Ordem das Coisas I

O primeiro brinquedo que ganhei fez-me perceber a ordem do mundo. E antes disso que o que se diz é também censura em relação às possibilidades do mundo. Por exemplo, o fato de eu conhecer dinossauros sem nunca tê-los visto torna meus enunciados a este respeito imprecisos ou falsos.

Meu pequeno Dino agitava membros, cabeça e cauda. Azul de manchas negras, mais parecia um Smurf. Os dinossauros eram répteis enormes que se serviam de pequenos homens-de-caverna. Na palma da minha mão pós-moderna aquele serzinho mesozóico parecia inofensivo muito embora seus dentinhos de plástico escapolissem em sinal de defesa.

Feito ator mirim da Globo, fingi medo. Rangia os poucos dentes-de-leite que despontavam. Larguei o pequeno pterodátilo ao chão. Corri à cozinha e apanhei sem pouco esforço uma garrafa de 1.250ml de Coca-Cola. Meu plano era enfiá-la dentro do brinquedo, mesmo sabendo que o contrário fosse mais fácil. Não esmoreci.

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