14 setembro 2005

Homenagem

Ela - a outra - era linda, lindíssima por redundância e superlatividade. Era linda, mas linda por confronto; porque a outra, horrenda, engrengava-se-lhe à saia, pequenina, feita cruela, ignóbia, dó não tinha dos olhos de quem a visava e sequer inspirava graça. Ardia, não se podia denominar cômico o seu andar preguiçoso, ignívoro, ignorante. Cuspia brasas tal varana, derrapava-se escorregadia, pirama, piracanjuva caraciforme, deformada. Vinha sem trejeito, a judiar. Cena trágica embora não mancasse um centímetro. Andava feito bizonha cabisbaixa, ostentava baixez, pensando em si como escultura sem braço a sustentar o corpo, desperneando ao suplício de quem vê, será que não pensava em quem a via? Será que vil(a) não possuia espelho em casa? Pensava em si como escultura em farrapos, feita às pressas e dada às traças. Sentia-se bruta. Sentia-se apenas busto de Diotima de Matinéia, matutina não era mulher - não poderia ser. Vespertina só se comparava com o belo ou algo diverso de si. Faltava-lhe o filo da razão. Era o caniço despensante, que pensava em si sem espelho ter em casa; furúnculo subcutânea que exibia apenas sua reveste, sua derme e epiderme; verme, conquistava espaço apenas entre os parasitas, apenas entre os não-vivos, os que não necessitam ar puro. Situava-se enmucosáveis pleustons, submersa ou flutuante, qualquer parte de seu corpo vertia asco e repugnância. Era sem estética. Daninha. Harpia. Chamava-se Roberta, embora da feiúra do inominável.

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