04 setembro 2005

Viagem excêntrica

Despertou com cinzas na boca, cheirada a café e pão de queijo. Queimou a ponta do cigarro. Tragou-o automaticamente. Arraigou-se no profundo; tal uma âncora estribava-se oniricamente para dentro de seu corpo virgem e cru. A vida da moça, a vida da máquina. Fechou os olhos para a formiga que lhe bebericava o acúcar-cafeína no canto da boca. Fez-lhe cócegas e um voluptuoso movimento de língua foi o bastante para misturar à tudo isso sua saliva. O processo: em diástase, em ptialina, o amido em maltose e dextrose, a formiga-macha em coito melado. Engoliu então seu cuspo. Em seguida tornou ao fumo. Aspirava desmaiando a cabeça e fechando os olhos para o céu. Atéia desprezava o mundo, achava-o em si. Labiríntica esboçava um sorriso. Ninguém percebia o sentimento ingerido, degenerado em energia corpórea; ninguém percebia a objeção contra o primeiro princípio da termodinâmica. Sobretudo, todos a percebiam embora fossem meticulosamente ignorados - eu, inclusive.

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