fiquei pensando e tentando lembrar. depois de ler outra vez, e não tinha o que escrever. Não escrevi naquele momento. Fiquei pensando, e pensamento não tem ordem, vai e vem. A minha hipótese é que esse caos do pensamento ocorre por não respeitar níveis, como os da linguagem comum. Por exemplo, geralmente ninguém pensa que está pensando ou em quê está pensando. Simplesmente pensa. Já o falar, o ato de falar pressupõe alguém que ouça, e essa relação pode ser entendida em níveis de linguagem. Sem filosofismos, porque filosofia se discute mesmo é em mesa de bar, mas a dor e os blogs participam de outra espécie de coisas. Blogs e dores são imediatos, embora apontem para direções inversas. Dor se sente na pele (mesmo as psicológicas), advém de encontros (no sentido de "encontrão", esbarrão, choque). Blogs geram desencontros (no sentido de Vinicius de Morais). E o que rege esse mundo de encontros e desencontros, de blogs e dores, é o acaso. Falando nisso, lembrei o que gostaria de lembrar, como se fosse uma intuição que se escondia acabo de me lembrar. É uma passagem que li há muito tempo, do João (o Rosa)... abri o livro e aqui está (já me calo):
"Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a
vida do homem está presa encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos – não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor..."
"Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a
vida do homem está presa encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos – não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor..."
Um comentário:
Réplica.
http://anakronicas.blogspot.com/
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