Ela admirava-me em cada exagero. E jogado a seus pés eu me contorcia por amá-la, cada I´m in love, but I’m lazy promusicado enletéria e mortífera tensão. E descontorcia-me feito peixe feito minhoca. Ela admirava cada sinédoque. Tomava-me pela parte pelo todo. Eu exagerado, transbordava músculos e avessos. Promessas jorravam da minha boca.
- Três orgasmos por semana.
Um amor maior que o mundo, maior que o tempo e tão infinito quanto se pudesse imaginá-lo. E mesmo quando a imaginação falhasse. Cada abundância e hipérbole. Ao quadrado, ao cubo, à última potência. Prometi-lhe a lua.
- Então vá lá e me busque.
E fui com a satisfação de um Sísifo. Pensei num plano infalível. Arranjei uma corda imensa. Dei-lhe um nó de boiadeiro. Rodaria rodaria rodaria a corda, e em três impulsos e três arranques conseguiria que a lua viesse-me suave como rebanho bem-treinado.
O primeiro enlace trouxe-me o lugar onde a lua estava, e onde ela ficaria, pois as coisas no universo não flutuam soltas por aí vagando a esmo; antes seguem regras e eixos fixos. Ondulam. As coisas devem estar em algum lugar. E em lugar algum.
Após obtido o conforto para nosso nobre satélite natural, havia de buscar-lhe seus buracos. E um a um fui arrancando-os de modo que sobrasse apenas o que não se encaixava em nenhum buraco, mas não havia mais nada para manter, pois não não havia mais buracos. Então não precisei jogar a corda pela terceira vez.
De fato, minha corda nada trouxera e ao mesmo tempo não trouxera nada. Tampouco no céu restara uma lua. Donde concluí que de dia ou sob qualquer influência da luz era-nos impossível visualizá-la. Apaguei todas as luzes e mesmo assim nada podia vê-la. Isso ocorrera provavelmente porque a lua não tem luz própria.
Ela fez uma cara de mal-me-quer, o que me dilacerava por dentro as vísceras e fazia-me pensar em suicídio. Exagerado. Jogado a seus pés eu me contorcia e oferecia o meu coração: o sentimento e o músculo.
- Meu coração é todo seu. Vermelho, crepúsculo.
- Então dê-me cá.
Ao que eu atendi prontamente, sem pestanejo. Sem anestesia cortei-me o peito, a cartilagem e as costelas. Ela fez como o Jax do Mortal Kombat e aplicou-me o derradeiro Fatality. Ainda pulsava. E retorcia. Exagerado eu me mantinha de pé sob a lua e seus futuros orgasmos sem mim.
Um comentário:
É que nós mulheres somos capazes, sim, de tamanha agrura: arrebentar-lhe o coração, tirar-lhe a vida. Só para o prazer de dizer: meu.
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