06 dezembro 2006

terceira estorieta número 1 da Medicina paradoxal

Apertou-me o peito a cápsula ingerida. De cujo refugo meu estômago se eximiu prontamente:

- Não - proferiu a Boca acinzentada do estômago -, pois se os doentes necessitassem de remédios para serem quem são, basta como índice de sanidade repelí-los, e então já não seriam mais doentes.

E entre o esôfago e a traquéia minhas cordas vocais espremiam-se em contrastes afônicos, posto que passava feito um jato por ali a tal cápsula enremediada. Irremediável foi. Até que escapoliu e estalou das cordas um atordido tom em mi, quase meu, mas sem ainda pertencer-me, exceto se supormos que eu sou meu interior.

Mas a boca, que representa o fim e o início do sentido da vida, pois diz e sequer é capaz de desdizer-se sem afirmar-se novamente, a boca se fechou radicalmente, contrariando o conluio do resto do corpo, que se esforçava a espelir o medicamento. Ela ficara afática. E persistiria em greve, tanto mais a injustiçassem como a causa de paradoxos performáticos. Não restou outra saída senão volver e terminar o que não se pode dizer que começou.

por Modus Ponens 1-2

O que resultaria em falácia, por ad absurdum ad hominem, ou simplesmente a falta de senso em se identificar eu e eu mesmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mudei de endereço:

http://www.anaklisis.blogspot.com/

Beijos,