Apertou-me o peito a cápsula ingerida. De cujo refugo meu estômago se eximiu prontamente: - Não - proferiu a Boca acinzentada do estômago -, pois se os doentes necessitassem de remédios para serem quem são, basta como índice de sanidade repelí-los, e então já não seriam mais doentes. E entre o esôfago e a traquéia minhas cordas vocais espremiam-se em contrastes afônicos, posto que passava feito um jato por ali a tal cápsula enremediada. Irremediável foi. Até que escapoliu e estalou das cordas um atordido tom em mi, quase meu, mas sem ainda pertencer-me, exceto se supormos que eu sou meu interior. Mas a boca, que representa o fim e o início do sentido da vida, pois diz e sequer é capaz de desdizer-se sem afirmar-se novamente, a boca se fechou radicalmente, contrariando o conluio do resto do corpo, que se esforçava a espelir o medicamento. Ela ficara afática. E persistiria em greve, tanto mais a injustiçassem como a causa de paradoxos performáticos. Não restou outra saída senão volver e terminar o que não se pode dizer que começou. | |
por Modus Ponens 1-2 | |
O que resultaria em falácia, por ad absurdum ad hominem, ou simplesmente a falta de senso em se identificar eu e eu mesmo. |
06 dezembro 2006
terceira estorieta número 1 da Medicina paradoxal
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Um comentário:
Mudei de endereço:
http://www.anaklisis.blogspot.com/
Beijos,
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