04 dezembro 2006

quarta estorieta número 1 da Medicina paradoxal

No início era o quarto. Kuartz. Kaos. E no quarto não se encontravam canetas, lápis, livros de filosofia. Quatro paredes pois quarto. E daí, deitado, um corpo. No corpo nu, a vontade irrefreável de ser. Sentir. Ou gritar gritos distorcidosque se ouvissem tão embaraçados quanto a torcidado Atlético.

Levanto-me como quem nasce. Primeiro a cabeça. Depois o corpo, mas o corpo pelos braços e cada braço pelas mãos. Os dedos e as unhas em busca do lápis que não havia. Então as unhas, em revolta, resolvem arranhar-me o corpo feito bisturi, à guisa de enfeitar-me palavras sangrentas, enfeitar-me para o carnaval dos contos - mal sabiam que no corpo, avermelhado e enturvado de dor, mal cabia uma frase inteira, grande, cheia de vírgulas e entretantos. Isso porque também o corpo, e sobretudo ele, revolvia feito minhoca feito cobra.

Cusparadas ofertavam a tinta necessária para que se pintasse às paredes toda a minha mitologia, que era esta, que era nenhuma. Era a quarta estorieta, que era ela mesma. Sendo.

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