Eu sabia exatamente onde estava o guarda-chuva, embora não fosse capaz de alcançá-lo. Talvez o fosse, porque tudo isso de balançar os braços e as mãos, as imbecilidades, ser robô e girar como jacaré, dos ahs e ohs e saídas empoeiradas, tudo isso é uma estratégia metafórica de não dizer ou encobrir a verdade. Eu poderia tudo, porque tudo se pode, ao contrário de nada e do que pensam os metafísicos. Poderia gritar e mesmo sem voz continuar gritando. Ela escutaria, decerto, mesmo surda. E poderia tapar a minha boca com a sua, com a palma estendida da mão, com ambas as coisas e em ambos os sentidos, ou calar-me a bofetadas simplesmente. Enfim, a moral de tudo isso é que as coisas se encadeiam em causas, e logo recebem o nome de fatos. Estes são extratemporais porque o que os determina não é a duração, mas sua importância metafórica. O mictório de Duchamp mais que Obra de Arte é um fato metafórico, assim como o cocô da criança. Ela o considera sua mais que acabada obra, feito argila feito gesso feito Rodin e Claudel. Obra rugosamente estranha, mas sua.
02 fevereiro 2007
Sentido das Coisas I
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Um comentário:
Muitíssimo bom!!!
\o/
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