20 maio 2006

3

Pediu-me para tirar o sorriso de seu caminho. Eu lhe pedi que tirasse os olhos de meus pés. Nós nos desobedecíamos, nos atracávamos um ao outro, nos misturávamos como cachorros. Pedi-lhe que me pagasse um café.

Onde dói?

Aqui?

Levante o dedo se doer. Seu indicador batia na mesa aos compassos de uma canção. Não me advinharia o desejo.

Me esconde um segredo?

Onde?

Poderia aplaudir seu rosto de bem-me-quer-mal-me-quer, poderia sapecar a mão nessa fuça branca, pálida, de quem já morreu. E depois me vestiria de luto, meus óculos Matrix para minhas lágrimas esconder, e tropeçaria em minha volta fúnebre pelo quarteirão.

Eu preciso beber alguma coisa rapidamente.

Me paga uma salinas.

Outra.

Calava-se por alguns minutos. Ouvia. Tinha que folgar. Quanto mais eu falava, menos ouvia. A noite e o raio de sol. Para minha surpresa (ponto de exclamação seguido de vírgula) apenas o silêncio.

2 comentários:

Ana Luisa Lima disse...

As coisas que escreve... Cada dia mais bonitas e melhores.

=***

Ana Luisa Lima disse...

http://analuisalima.wordpress.com/

Endereço novo.

Beijos.