19 dezembro 2006

Narratriz de si mesma

Passávamos dia e noite dia e noite amando amando quem quer que fosse: o trombadinha, o musicanto, o pederasta, o patrão, o cafajeste, a bola de sabão, a etcétera, e eu mesma ou ela - só que com a mão. Sós, e a solidão não deveria se inclinar a plurais, sós passávamos noite e dia sem que se passasse dia ou noite sem que soubéssemos ser amor o que deveras sentíamos. Júlia se esquivaria das hipóteses de eu ou ela desconhecermos o amor ou de não o termos experenciado. Ana se compadeceria por eu o julgar não apenas brega, mas em sua breguisse, tolo.
Passávamos noite inteira. Éramos capazes de virar de lado e mudar completamente o assunto, mesmo sem palavras, atônitos. Ela tremia. Eu me ria. Tadinha. Você me ama? E eu não soube que lhe responder.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acredito que fiquei por um fio. Eu juro que dessa vez eu quase entendi...